quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VERMELHA LUA

A mesa guardava o barulho da velhice.
As paredes seguravam firmes seus medrosos tijolos.
O telhado tremia de frio com o vento.
A chuva hesitou em cair naquela casa.
A estante não quis mais abrir sua boca.
O fogão não esquentava mais as almas.
O sofá se retirou pra dentro de si.
O chão parecia querer correr.
E as camas estavam adormecidas...

Os sapatos corriam como loucos.
As sandálias fugiam de puro pavor.
Os objetos atacavam o chão.
As escadas tropeçaram na corrida.
A faca brilhou como se estivesse lavada.
A lua iluminou a vermelhidão.
O grito ecoou pela casa silenciosa.
As cobertas não fizeram mais que cobrir,
As camas insistentemente adormecidas...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

EM BAR


Não.
Não é uma noite qualquer.

Requer concentração. Busca.
Às vezes desenfreada.
O coração fica aos pulos.
Mas o alarme é falso.

Requer rostos. Concentração.
A procura continua inválida.
O coração mantém-se aos pulos.
Mas o alarme se alarma.

Não.
Não é uma noite qualquer.

Requer esperança. Corpos.
Cessam-se os olhares.
O coração se desanuvia.
Não há mais alarme.

Não.
Não é uma noite qualquer.