sábado, 29 de dezembro de 2012

DE TODOS

Em uma primeira impressão, 
Tenho a impressão.
que não impressionamos.

Parecemos parecer.
Carecemos parecer?
Que parecemos.

Do fracasso
O que nos resta, 
é o sucesso.
Falso.

Não somos felizes.
Parecemos felizes.
Fingimos felizes.

E felizes somos.

Não somos.
Nada.
"Pálido ponto azul".

Ninguém sabe
mesmo
quem é.

Não sabemos
ser felizes.

Porque felicidade, 
Não há.

Há o arremedo.
Do qual nos acostumamos.

E não buscamos
Mais nada.

Carecemos parecer que ganhamos.
Parecemos carecer que amamos.

E todos vamos levando.
Sem saber
De fato.
O quê...




terça-feira, 13 de novembro de 2012

ESCUSAS


Toda uma manhã a filosofar sobre teias de aranha.


Rodopiante fumaça que se esvai no ambiente,
Uma série de viagens de descobertas breves e infantis,
Uma beleza simples e leve escondida entre os dedos tesos.

Enquanto isso, um óculos escuro fuma um cigarro.

Despertam várias unidades de Carbono sorridentes,
Um riso, um sorriso, do tipo receoso, medroso e mal disfarçado
Havia dúvida, pânico, espanto ou poderia até ser admiração.

A graça foi feita, espera-se um sorriso cúmplice. Ele vem.

De forma sorrateira, chega-se com a neblina e se despede com o sol,
Desfere um abraço tímido, distante com um inseguro preconceito,
E se esvai lentamente como uma fumaça pálida de um cigarro.

E a aranha continua sua teia. Alheia. Triste aranha...


(Uberlândia, Maio de 1997 - Reescrito em Abril de 2012)


sexta-feira, 27 de abril de 2012

AU(L)TO RETRATO


Eu estive
esses dias
Pensando sobre você.
Muito.
O que te faz mover,
O que pensar te faz...
O que te faz fazer.
O que te faz pensar.
O que mover te faz... 
Sua lógica às vezes falha,
Suas emoções nem sempre verdadeiras,
Seu choro nervoso...

Eu tenho refletido sobre você, 
à noite.
Sobre sua solidão (in)desejável,
Sobre seus braços, de volta pra casa,
Navegantes, ondulantes, amargos...
Sobre sua cabeça, doce, involuntária.
Sobre sua mão sem calos.
Ou quando calas a tua voz.
Sobre sua incoerência viva e sagaz.

Eu tive que raciocinar sobre você,
Como é o funcionamento de suas ações,
Vida irrefletida no espelho,
Reflexo nulo em água clara,
Ondas que levam e lavam a face.
Mágicas redundantes. 
Quentes.
Pequenas.
Surpresas.

Eu tenho sempre estudado você.
Sua clareza que se impõe,
Sua inteligência treinada.
Sua marca enganadora.
Sua inocência disfarçada;
Sua trágica animalidade,
Sua eterna paciência,
Sua dúvida eterna.
Seu sonho recorrente.
Seu próximo fim...

É.
É o que me parece.
eu estive mesmo pensando sobre você.


sábado, 7 de abril de 2012

DÚVIDAS?

Qual é?
A cor do cheiro?
Poderia ser doce.
O som do respeito?
É claro que é branco.
O tamanho do ódio?
Acredito que seja caro.

O que significa?
A água insípida, mas com gosto de água? 
Penso que seja sua ardência.
O amor inodoro, mas com cheiro de dor?
Seria um dos ramos do prazer.
O medo incolor, mas que funciona no escuro?
Isso é a única certeza.

Quanto é?
O preço do amor que me é dado?
Violento somente.
O valor do seu suor que me escorre?
Ácido e quente.
A mais valia do meu trabalho inútil?
Pagam-me como útil.

Qual é o sentido da morte?
Um vetor para a terra.
O que significa a vida?
Mais uma etapa da Vida.
Quanto vale a dúvida?
Ora, é a única coisa que vale...

sábado, 11 de fevereiro de 2012

MATÉRIA


A luz de nossas estrelas,
  A física de meus atos, 
    A psicologia de seus olhos.

    A química da sua língua, 
  A lógica do meu beijo,
A hidrostática de nosso suor,

A geometria da nossa cama,
  A biologia do meu sorriso,
    A arte dos seus braços.

    A geografia do seu corpo. 
  A filosofia do meu gozo,
O português de nossos gritos,
 
A metafísica de nossos dedos, 
  A educação de minhas mãos,
    A tecnologia de suas coxas.

    A sociologia de suas ações,
  A escuridão dos meus atos,
A história de nós dois...