sexta-feira, 2 de maio de 2014

SOBRE LARES

É uma sensação de volta
ao passado.
Trespassado.
Inacabado.

Chocolates com outros gostos,
Gorduras inebriantes, 
Arroz, feijão, sal, conversa, 
em pé.
Na cozinha.

Uma distância próxima.
Uma proximidade distante.
Um segundo, um instante.
Um café, ainda em coador de pano.

Nada é de fato muito certo.
Falas e sonhos que se repetem, 
sem rimas, ou pobres combinações.
Mas insistentemente esperançosas.

Um calor verdadeiro, numa coberta velha.
Com cheiro de passado,
Leva a um sono reconfortante,
Tão infantil quanto a vida
Que achamos que é adulta.

É em casa que vemos que não crescemos.
E que não precisamos crescer.

Mas é essa bendita que nos cresce.

Eu tenho vários lares, 
Pois lares são divindades domésticas.
E hoje, um deles cheira a bolinho de chuva.
Ou a batata doce.


Felizes aqueles que têm vários lares...

Felizes aqueles que os cultuam..



Um comentário:

Nyuara disse...

Lindo...
Com cheiro de saudade do tempo que se foi, da infância...
Mas o tempo ainda é presente.
Aproveita!